Fraturas do casco das tartarugas e o seu prognóstico
As fraturas do casco das tartarugas são, normalmente, classificadas em: fraturas de afundamento (depressivas, causadas por compressão) e fraturas com desaparecimento de fragmentos do casco. As possíveis causas para uma fratura podem ser: atropelamento automóvel, ataques de outros animais, quedas de alturas elevadas, golpe por hélices de propulsão de barcos, queda de granizo, entre outras.
No que diz respeito ao prognóstico, este pode ser classificado em: excelente, bom, razoável, reservado e grave.
Prognóstico excelente
A tartaruga apresenta-se estável (geralmente alerta e sem interesse na lesão), com uma única fratura simples, uma fratura de stress (pequenas fissuras) ou fraturas que não envolvam a coluna vertebral (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018). Podem ainda apresentar lesões superficiais da pele (Roffey, J., Miles, S. 2018) e/ou, ao redor da fratura, hemorragia ou líquido seroso (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018). Geralmente, estas lesões cicatrizam de forma rápida, principalmente quando há a devida assistência e controlo da dor durante o período de recuperação (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018).
Prognóstico Bom
A tartaruga apresenta múltiplas fraturas, fraturas instáveis, fraturas expostas (celómica visível ou falta de seções da carapaça (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018), e/ou plastrão) ou perfurações no casco (Roffey, J., Miles, S. 2018). Por vezes o prognóstico pode ser considerado mais agravado (prognostico razoável) se houver falta de vários fragmentos do casco e principalmente se se visualizar penetração da cavidade celómica (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018). Estes animais necessitam de assistência, hospitalização, que pode demorar meses, e estabilização cirúrgica das lesões. (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018)
Prognóstico razoável
Apresenta-se com múltiplas fraturas que envolvam o ombro e/ou área pélvica ou com perfurações na cavidade celómica (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018). No caso das múltiplas fraturas que destabilizam o ombro e/ou pélvis, estas podem ser a origem de dificuldades de deslocamento.
Prognóstico reservado
Neste quadro o animal encontra-se com fraturas abertas com danos do celoma, que por vezes se encontra com elevada contaminação por larvas de moscas, sujidade e/ou destroços, o que vai dificultar o sucesso do tratamento (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018).
Prognóstico grave
A tartaruga apresenta-se com múltiplas fraturas cominutivas, com falta de mais de 30% de fragmentos do casco ou, por outro lado, se esta não pode ser estabilizada sem os fragmentos em falta. Pode ser também considerado prognóstico grave se esta exibir lesões na cabeça, lesões internas ou, especialmente, fraturas que envolvam vertebras e a medula espinhal (Fleming, G. e ACZM, D., 2008; Roffey, J., Miles, S. 2018).
BIBLIOGRAFIA
Fleming, G. e ACZM, D., 2008. Clinical Technique: Chelonian Shell Repair. Journal of Exotic Pet Medicine, pp.246 a 248;
Roffey, J., Miles, S. Capítulo 29 – Turtle Shell Repair. Em: DONELEY, B., MONKS, D., JOHNSON, R., CARMEL, B. Reptile Medicine and Surgery in Clinical Pratice. Wiley Blackwell, 2018. Pág. 397 a 408;