Prega de pele no gato? Não!

Prega de pele no gato? Não!

Aquando do seu nascimento, os gatos são transportados, pelas próprias mães, pela prega de pele do pescoço. Nesta fase o animal ainda tem um peso muito reduzido, é transportado por curtos períodos de tempo e a mãe sabe a pressão exata que deve exercer com os dentes.

Os gatos estão preparados para este tipo de transporte, tendo o reflexo de encolher os membros. Contudo, este só existe nas primeiras semanas de vida, sendo atenuado ao longo do tempo.

Quando uma pessoa, mesmo até Médicos Veterinários, tentam imitar este método de contenção, pode estar a pôr em risco a vida do animal sendo que isto produz dor, pois estamos a carregar todo o peso do gato naquele local, causa medo ou ansiedade e pode, ainda, levar a uma resposta de agressividade defensiva, comprometendo a pessoa que está a interagir com o gato.

Uma pesquisa recente publicada pela “Applied Animal Behaviour Science”, que comparou práticas de contenção de corpo inteiro (imobilizar o gato) com práticas de contenção passiva (deixar o gato o mais livre possível) e descobriu que a contenção de corpo inteiro pode levar até oito vezes mais stress, o que levaria a consultas e procedimentos mais demorados, aumentando este mesmo. Com a contenção passiva, os gatos podem manter-se mais calmos, com uma probabilidade seis vezes maior de o animal se manter na mesa de exame após serem soltos, sem fugir em desespero.

Assim, concluiu-se que a contenção passiva seria a ideal. Devemos deixar o gato andar por onde quiser, desde que o ambiente seja seguro e controlado, sendo a pessoa, médico veterinário ou não, responsável por se aproximar do animal. Caso seja necessário fazer algum tipo de procedimento, o veterinário deve fazê-lo no local que o animal escolheu, quer na caixa transportadora sem tampa, no chão ou numa mesa, pois o gato precisa de se sentir livre e o mais confortável possível. De forma a manter o animal quieto, podemos utilizar reforço positivo, como um brinquedo, comida ou mesmo acarinhá-lo.

Em situações extremas, de animais muito assustados ou agressivos, cujos procedimentos precisem de ser realizados com urgência, um bom método é enrolar uma toalha à volta do gato. Devemos apenas certificar de que esteja firme o suficiente para evitar mordidas e arranhões, mas também não muito apertada para não prejudicar a respiração do gato. Isto tudo deverá ser realizado o mais rápido possível, para que o stress do animal seja mínimo.

Bibliografia
Article 1: Gatinho Branco, 2019 [View more];
Article 2: Guerra, Inês; “Prega de pele, não! Porquê?”, 2022 [View more];